Francisco Biquiba dy Lafuente Guarany (Santa Maria da Vitória, BA, 1884 – Santa Maria da Vitória, BA, 1985). Escultor, marceneiro e carpinteiro. Filho do construtor de barcas Cornélio Biquiba dy Lafuente (1844-1898), recebe do pai o apelido Guarany devido a sua bisavó índia. Com 14 anos, inicia na marcenaria. Constrói madeiramentos de telhados, barris e móveis. Também trabalha com o imaginário, fazendo santos, altares e oratórios domésticos.
Em 1901, realiza sua primeira carranca para a barca Tamandaré. Desde então, elabora carrancas encomendadas pelos comerciantes da Bacia do Corrente. Após ficar dois anos com a família na cidade de Bauru (São Paulo), volta em 1922 para Santa Maria da Vitória e passa a ser conhecido e respeitado como carranqueiro. Até meados de 1940, produz cerca de 80 carrancas encomendadas para as barcas que navegam no Rio São Francisco. Com o fim do ciclo das barcas de remeiros, Guarany para de receber encomendas.
Em 1972, Guarany ministra palestra sobre as carrancas e o Rio São Francisco na faculdade de Economia da Universidade de São Paulo (USP). Dois anos mais tarde, o engenheiro Paulo Pardal publica seu livro Carrancas do São Francisco, com biografia e comentários sobre a obra de Guarany. Uma exposição homônima é realizada no Masp em 1975. Em 1977, recebe convite para participar da Exposição Internacional de Arte e Cultura Negra, realizada na Nigéria pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). Após sua morte, as carrancas são expostas no Museu Flutuante, em Paris, e na Mostra do Redescobrimento, na Bienal de São Paulo, em 2000. Em 2010, o neto de Guarany, Junior Guarany, e o carranqueiro Reinaldo Moreira criam a oficina Francisco dy Lafuente Guarany.