Arte AfroBrasileira

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ARTE AFRO-BRASILEIRA
Nesta exposição virtual os artistas negros brasileiros como Heitor dos Prazeres, que além de pintor também foi compositor, e Mestre Didi têm seus trabalhos em destaque na Mostra do Redescobrimento, e mostram o talento artístico de uma cultura plural.

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Na 23a Bienal Internacional de São Paulo, em 1996, quando são exibidas salas consagradas a Jean-Michel Basquiat, Mestre Didi, Rubem Valentim e Wilfredo Lam, um parentesco formal supera o fluxo geracional e geográfico. Mais do que nunca desponta a questão sobre a unidade e a diversidade da arte africana em sua diáspora. Na tentativa de responder a essa indagação, constitui-se o módulo afro-brasileiro na Mostra do Redescobrimento. Para dar conta do desafio, o historiador de arte e professor no Instituto Superior de Arqueologia e História Ia Arte da Universidade de Louvain-a-Nova, o monge beneditino e prior do mosteiro de Saint-André de Clerlande (Bélgica) François Neyt e Catherine Vanderhaeghe recebem a incumbência de escrever um ensaio que reflita a situação artística das fontes originárias da arte afro-brasileira. O resultado prefigura uma exposição que deverá ser produzida brevemente, pois só aí teremos condições de juntar a outra metade da pedra que conjuga o símbolo capaz de dar conta da totalidade dinâmica e aberta da mãe África e seus filhos emigrados. Começamos por unir as peças do quebra-cabeça da arte brasileira. Sofremos um desmentido após outro, ao tentar singularizar esse módulo. Já havíamos convivido com a obra de Arthur Bispo do Rosário, durante a Bienal de Veneza que quando esse artista representou o país junto com Nuno Ramos. Bispo do Rosário, nome maior do módulo Imagens do Inconsciente, impõe respeito pela elevada qualidade artística de suas obras e por uma capacidade de vencer todos os obstáculos que a adversidade lhe impõe, deve muito à sua ascendência africana. Lida com a narratividade que encontramos não somente nas artes de corte. 

Num outro trabalho, as imagens das personagens são transferidas para o pano de um bastidor e, nesse dispositivo, a artista borda proibições. Cose a boca, os olhos, o pescoço de seus eleitos. O ato em si tem algo de maléfico, como se tratasse de uma magia por simpatia onde cada golpe da agulha calasse, cegasse, sufocasse as pessoas visadas. Contudo, Rosana volta o malefício contra si própria ou seus familiares. Se aceitasse a história como se desenrolou, ela estaria condenada. A apresentação dessas figuras enquanto tais lhe propicia a tomada de consciência do pesadelo e a subsequente reação artística. Dois artistas, duas poéticas. Mestre Didi opera uma depuração de sua origem e da comunidade, Rosana Paulino elabora uma nova maneira de conviver com o passado. A escolha dos artistas foi feita em consonância com os objetivos da exposição e motivou inúmeras viagens por todo o país dos curadores, o prof. Kabengele Munanga e a antropóloga Marta Heloísa Leuba Salum. Temos a certeza de que optaram apenas por alguns artistas atendendo a pedidos instantes da curadoria-geral, que solicitou um número sucinto, mas capaz de dar conta da extrema variedade dessa produção, que, em virtude do poder de seu magma expressivo, atravessa a arte brasileira de ponta a ponta. Apesar dessa porosidade, fica algo peculiar: a busca e a consciência das origens. Talvez esse ímpeto justifique por si só a existência do Módulo de Arte Afro-Brasileira.