Nascido no município de Silva Jardim, na fazenda Maratuã, Aldeia Velha, Chico Tabibuia só foi registrado pelo juiz de Casimiro de Abreu quando tinha 36 anos de idade, juntamente com sua mãe. A mãe de Tabibuia, Francisca Neta, teve Chico com Manuel Moraes da Silva, lavrador de café e criador de galinhas. Mais tarde, com os 16 filhos de outros casamentos, Francisca trabalhou plantando mandioca e fazendo esteiras de palha, sem nunca largar a família.
Com dez anos de idade Chico esculpiu seu primeiro “boneco”, já dotado de pênis. Aos 11 anos foi guia de cego, aos 12 foi trabalhar no mato, retirando lenha. Após outras errâncias e tentativas de trabalho ali mesmo na região, Chico resolveu trabalhar sozinho, “tirando tabibuia” por muito tempo, herdando o apelido dessa árvore, cuja madeira é usada em tamancos e lápis.
Por volta do ano de 1970 voltou a esculpir, com 40 anos de idade. Além das esculturas fez móveis rústicos para as cidades da região, mas, como não conseguia receber o pagamento devido, estava a ponto de desistir quando o seu encontro com Paulo Pardal, que também tinha casa em Barra de São João, veio infundir novo ânimo no artista. Paulo se tornou seu principal colecionador divulgador.
Chico frequentou um terreiro de Umbanda, onde exerceu a função de “cambono”, dos 13 aos 17 anos de idade, levado pela mãe. Nesse culto a maior parte das entidades que baixavam era de exus, em dezenas de modalidades. Desses mesmos exus que ele, a partir de 1986, já na condição de membro da Assembleia de Deus, viria a representar com grande frequência, embora não exclusivamente. Tabibuia declarou que, ao retrata-lo fazia com que ficasse aprisionado na escultura “para não fazer mais mal ao povo”, ficando cada vez mais “fugido das matas”, onde poderia atuar em liberdade. Tabibuia pagava dízimo das vendas cada vez mais frequentes de suas obras e considerava-se liberado para a sua escultura solene e sagrada do eros.