João Câmara
25 de agosto de 2022
Graça Morais
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Gregório Lopes

Gregório Lopes (Portugal, c. 1490 – 1550). Foi uma das personalidades mais marcantes na pintura portuguesa da primeira metade do século XVI, pintor régio de D. Manuel I e D. João III, cedo aderiu à mudança cultural e artística que levou à italianização da arte portuguesa, nos finais da década de trinta de 1500. Representante do Renascimento evoluído em Portugal, foi o pintor que introduziu o «Primeiro Maneirismo de Antuérpia» em Portugal.

Após 1530, Gregório Lopes executou, decerto numa oficina já sua, o retábulo Martírio de S. Quintino para a Igreja de S. Quintino, em Sobral de Monte Agraço, construída nessa data, a qual está gravada no portal manuelino do referido templo; tal pintura perdeu-se e nada tem que ver com outras pinturas existentes na mesma igreja, de motivos diversos e de época posterior.

Entre os anos 1533 e 1534, Gregório Lopes colaborou com os pintores Garcia Fernandes e Cristóvão de Figueiredo, em Lamego, na execução dos painéis do Mosteiro de Ferreirim, como está provado documentalmente. Por esse trabalho conjunto, habitual à época, os três membros desta parceria passaram a ser denominados Mestres de Ferreirim, havendo dúvidas sobre a parte que porventura caberá a cada um deles neste conjunto pictórico, atribuindo-se-lhes outras obras de características afins, e realizadas em parceira, onde é difícil encabeçar a sua autoria firmemente não só dos três parceiros.

A partir de 1536 e durante os anos seguintes, sob o mecenato de Frei António de Lisboa, trabalhou no Convento de Cristo, em Tomar, como se verifica por um documento de Setembro desse ano, do arquivo do mosteiro e hoje na Torre do Tombo, segundo o qual o artista recebera a avultada quantia de 168.000 reais pela execução de alguns painéis para a charola – Martírio de S. Sebastião (hoje no Museu Nacional de Arte Antiga), “Santo António pregando aos peixes” e “S. Bernardo” (em Tomar) e “Santa Madalena” (desaparecido), alem do retábulo para a capela de Nossa Senhora, do mesmo mosteiro, de que resta no Museu Nacional de Arte Antiga o lindo painel A Virgem, o Menino e Anjos, proveniente de Tomar e atribuído por Émile Bertaux, primeiramente, ao Mestre do Paraíso. Francisco Augusto Garcês Teixeira identificou o Martírio de S. Sebastião como sendo obra deste artista, mencionada nos documentos coevos, pôr as suas dimensões permitirem integrá-lo na série da charola. Este precioso conjunto tomarense e o da Igreja do Convento do Bom Jesus de Valverde, em Évora, constituem, pois, segura base de identificação da obra do pintor, da sua técnica e do seu estilo.