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Walderedo Gonçalves

Walderedo Gonçalves de Oliveira nasceu em Crato – CE em 19 de abril de 1920. O nome Walderedo vem de um bispo italiano. Ele morreu em agosto de 2005 aos 85 anos de idade. Menino pobre, mas de tradicional família do Crato, parente do ex-senador e ministro do Superior Tribunal Federal (STF), Wilson Gonçalves, Walderedo Gonçalves foi um autodidata que se tornou conhecido em todo o Brasil e no exterior graças a sua arte e inteligência. Filho de um carpinteiro e uma artesã, Walderedo dizia que nunca teve infância. Trabalhou desde menino, ajudando o pai e a mãe. Na escola, foi discriminado e expulso porque desenhou uma mulher nua. Saiu da escola para vender jogo do bicho, uma atividade clandestina. Mesmo assim, não perdeu o gosto pelos estudos. Revoltado com a expulsão, Walderedo estudou sem ajuda de professores. Leu os clássicos da literatura portuguesa. Seu sonho era ser inventor. Mas faltaram recursos, conforme lamentava. Trabalhou como “guarda da peste”, quando teve oportunidade de percorrer “meio mundo” nos Estados do Ceará e Piauí. Walderedo lembra que, enquanto trabalhava, lia romances e cordéis. Tinha uma coleção de cordéis que ele costumava ler para os “matutos de Interior” que, segundo afirmava, gostavam muito desse tipo de literatura. Com isso, ele conseguiu hospedagem grátis. O casamento com 20 anos de idade o obrigou a trabalhar numa tipografia. Uma de suas especialidades era fazer xilogravura em madeira para os jornais, em substituição aos clichês de zinco. Durante muito tempo foi o único xilógrafo da região. Ilustrou inúmeros cordéis, revistas e jornais. A arte, entretanto, o levou a prisão, sob suspeita de ter colaborado, com sua habilidade, para uma ação ilícita. Em entrevista ao professor Jurandy Timóteo Walderedo disse, com mágoa, que foi sequestrado pela Polícia Federal. Irreverente, boêmio, mas, sobretudo, inteligente, ele era também um abridor de cofres de segurança. Certa vez, foi convidado para abrir um cofre de um rico comerciante de Juazeiro. Abriu o cofre em menos de um minuto. Ao cobrar uma determinada quantia, o comerciante achou que era uma exploração para um trabalho tão rápido. Walderedo não mediu conversa, fechou o cofre e voltou para o Crato, sem ensinar o segredo. O proprietário teve que arrombar o cofre.