Que alguém nascido nos sertões lapeanos do monge João Maria venha a se chamar Lafaete Rocha Ribas, é desses sincretismos brasileiros que viabilizam uma pessoa nascida na Zona da Mata paraibana ser batizada como Francisco de Assis Chateubriand.
Conheci o escultor na Feira de Artesanato quando esta era na Praça Zacarias, e portanto, diante da minha kitinete. Em depoimento, diz ter abandonado a “feirinha” por se desagradar do nível dos participantes – mas todos ficamos sabendo, na época, que era o nível da paisagem feminina que preocupava a esposa.
família volta então para o interior do município da Lapa – Lafaete via aí, também, a facilidade para encontrar madeiras e materiais para suas tintas. (A “Natividade” que adquiri dele nessa época, tinha uns tons de azul obtidos da vegetação local, aplicados sobre a imbuia.)
Para falar com o artista era necessário ligar à Rádio Legendária, que transmitia o recado entre programas, e marcar encontro na entrada do Teatro São João, onde ela funcionava. Lafaete vinha então de carro dos sertões para conversar. Foi assim que organizamos na Sala de Pedra da FCC, em 1976, sua primeira exposição individual. O curador era o Ivens Fontoura.
Anos mais tarde, fui entrevistá-lo com a profa.Oksana Boruszenko e Julieta Reis – para outra mostra na Sala do Artista Popular, na Funarte de Domício Pedroso. Nas duas mostras, melhorei um pouco o acervo de fotos de suas obras.
Não tenho as datas – mas anos depois, soube de seu falecimento, sempre nos matos lapeanos. Pode-se dizer de Lafaete que era autodidata – mas não que era “primitivo”. Algumas de suas últimas peças mostram estilização e tratamento elaborado demais para esse rótulo reducionista.